Identités en Mouvements - Benim Apresentação
Em 1988, quando Pierre Fatumbi Verger criou a Fundação Pierre Verger, deixou registrado como principais objetivos do seu estatuto as atividades que ele almejava realizar através da instituição onde, além de salvaguardar toda a sua obra, documentações e objetos pessoais, propõe “estabelecer e manter intercâmbios culturais, humanos e científicos entre o Brasil e a África e, principalmente, entre a Bahia e o Golfo do Benim.”
A participação do grupo da Fundação Pierre Verger no Identités en Mouvements segue exatamente esse objetivo de Fatumbi, proporcionando, nessa primeira etapa do projeto, a oportunidade de jovens e educadores do Espaço Cultural da instituição conhecerem o Benim e grande parte da cultura desse país ao qual o fotógrafo francês dedicou grande parte do seu trabalho, traçando especialmente um paralelo com o Brasil e revelando influências na identidade cultural de ambos.
De fato, o projeto não tem como objetivo nenhum tipo de formação intelectual ao final das suas atividades, porém, a vivência dessas pessoas, não apenas com os beninenses, mas, também, com os franceses de Toulouse e da Guiana Francesa, foi capaz de desconstruir diversos conceitos que eles tinham sobre a África e os povos africanos, bem como dos europeus, e essas observações já fazem parte dos seus desenvolvimentos como seres humanos.
Toda essa desconstrução pôde acontecer através das participações, dos diálogos e das trocas de experiências, primeiramente nas oficinas de Comunicação, Música e Artes Visuais, nas quais todos puderam contribuir com suas expertises e/ou pela vontade de se relacionar e entender o próximo em prol de uma construção coletiva. Outro caminho aconteceu pelas observações nas visitas a lugares especiais em Porto Novo e Ouidah, onde o contato com espaços como o Templo das Pítons e a Rota dos Escravizados lhes proporcionaram reflexões individuais que os impulsionaram a quebrar paradigmas e superar limites mentais.
Se vivo estivesse, interessante seria ouvir as opiniões de Verger sobre essa primeira experiência do Identités en Mouvements. O que ele escreveria sobre essa expedição? Como analisaria as experiências dessas dez pessoas... Cada uma com sua história de vida. Dez interpretações do modo de viver em um lugar da África. Um encontro com outras histórias de vidas bem diferentes e, no entanto, tão iguais às delas. O que foi essa experiência para elas? O que cada um trouxe para a sua vida no Brasil? Muitas perguntas podem ser feitas, diferentes respostas podem ser dadas, mas uma certeza todos trouxeram de lá e revelaram para a Fundação: “Essa viagem mudou minha vida!”
Por aqui, através de textos, fotos e vídeos, buscaremos contar um poucos desses momentos e experiêncis vividas e compartilhadas no Benim, para vocês.