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Carol Garcia

Graffiti Salvador: Olhares Cruzados no Rastro da Tinta

convite carol garcia

Imagens da fotógrafa Carol Garcia enfocam a arte dos grafiteiros de Salvador, na terceira mostra temporária da área Fragmentos, no Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana. Com abertura no dia 4 de maio, às 18h, Graffiti Salvador: Olhares Cruzados no Rastro da Tinta dá visibilidade aos artistas visuais de rua, revela o processo de criação da fotógrafa e a reação do público interagindo com a obra.
O grafite vem ganhando espaço cada vez maior como meio de expressão, questiona valores e conduz à reflexão. A pintura dos muros leva a arte para a rua, tornando-a mais acessível à população, extrapolando espaços restritos e exclusivos, como galerias e museus.
Visto anteriormente apenas como uma atividade marginal, o trabalho dos grafiteiros já é encarado como arte e suas criações estão incorporadas à paisagem de metrópoles como Salvador. A arte de rua cresce no Brasil e já tem até bienais.
“O forte do trabalho de Carol Garcia sobre o grafite nas ruas da capital é que ela registra e documenta, não somente a obra do grafiteiro, mas também reforça a relação entre a pintura e a realidade social urbana. Pelos enquadramentos e elementos que insere em suas fotografias, dá vida às imagens, associa rostos, movimentos e formas de ser”, comenta Alex Baradel, curador das mostras temporárias do Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana.
A fotógrafa destaca quem faz os grafismos e o que os motiva a fazer. Para conseguir isso, se misturou entre as tintas, o muro e os artistas. Foi conhecer quem estava por trás das cores e traços pintados, tornando mais visíveis os jovens que davam vida à cidade com sua arte.
Carol Garcia revela que, ao descobrir essa arte através das lentes, ela também nasceu como fotógrafa. “O graffiti me possibilitou encontros transformadores com a cidade, com pessoas e valores que fundamentam muito do que acredito”, comemora.
Para os artistas de rua, o trabalho da Carol é fundamental. Segundo o grafiteiro Eder Muniz, o trabalho da Carol é muito importante para a cidade, todo registro é muito válido, porque é a única maneira de garantir a memória dessa arte, tão efêmera. A cobertura que a Carol faz dá valor ao grafite como identidade da cidade, como representativo em Salvador. “Ela mostra a resistência da arte de rua, que tem grande parte dos grafiteiros na periferia, em livro, exposição e na cobertura dos nossos movimentos. O grafite, que ainda é excluído de vários aparelhos culturais, pode ser amplificado através do trabalho de Carol Garcia”, explica.

Eder Muniz acompanha o trabalho dela desde 2007 e acredita que as imagens desses últimos dez anos registram a história do grafite na cidade. Ele aponta como um legado para as próximas gerações verem o que tem sido feito, as transformações e as conquistas de lá pra cá, que eu mesmo vejo nos meus 16 anos de carreira. “É muito especial ter o trabalho da periferia exposto num bairro nobre, que por ser mais comercial, tem bem menos intervenções de grafite”, conclui.

pano fragmento carol garcia

Fotógrafa e jornalista Carol Garcia

Carol Garcia conta que seu encontro com o grafite coincidiu com o encontro com a fotografia. Ao elaborar seu projeto de conclusão do curso na UFBA, dA.ReTinA.dA.RuA, o Graffitti Além dos Muros, apresentou um ensaio fotográfico sobre a arte e os grafiteiros de Salvador. Nesse momento, entendeu que poderia usar a fotografia como linguagem e o grafite como tema. 

Viu na arte de rua uma escrita de resistência, uma invasão simbólica do espaço urbano por uma juventude periférica, ávida por se expressar. A ideia fluiu, tomou forma, até que, nesse mesmo ano, fotografou, pela primeira vez, os artistas de rua de Salvador. “Formei-me jornalista, nasci como fotógrafa”, afirma Carol.
Após exposição no Instituto Cultural Brasil Itália Europa, em 2006, Carol Garcia começou a trabalhar como repórter fotográfica em órgãos governamentais de assessoria de imprensa. Paralelamente, atua como freelancer, priorizando temas da cultura, das artes e a fotografia social.
Também assumiu o papel de educadora, buscando despertar o olhar crítico e artístico no público jovem em formação, com base em sua experiência na organização não-governamental.
O livro Graffiti Salvador, de Carol Garcia em parceria com a socióloga Bárbara Falcon, lançado em 2014, apresenta o perfil de 28 grafiteiros de Salvador, traça um panorama sobre a arte urbana e a sua forma de democratizar a comunicação pública na cidade. Com edição esgotada, a publicação está disponível para download no site: www.graffitisalvador.com.