A cultura Afro-brasileira
Musée Du Trocadéro, que posteriormente veio a se tornar o Musée de l´Homme, e o Bal nègre de la Rue Blomet, onde morava, em Paris, na França.
Verger teve contato com a cultura africana desde o início dos anos 30, devido ao fato de frequentar oO contato com a cultura africana se deu desde as suas primeiras viagens, nas quais se deparou com as culturas afro-americanas nas Antilhas francesas e em bairros negros de cidades norte americanas, como Nova York e Nova Orleans. Além disso, em 1936 ele passou cinco meses no continente africano, atravessando países do norte e oeste da África.
Todavia, somente com sua chegada à Bahia, em 1946, que o rumo da obra e da vida de Verger mudou. Ao se deparar com a cultura afro-baiana, o outrora fotógrafo livre passou a caminhar exclusivamente nos passos das culturas africanas e afro-americanas.
As descobertas do candomblé na Bahia e do Xangô em Recife, atestando a forte presença da cultura africana na Bahia e no nordeste, incentivaram Verger a voltar para África, e a ajuda de Théodore Monod (então diretor do IFAN em Dakar), favoreceu essa viagem, a qual se destinou a melhor entender as fortes ligações culturais e históricas entre a Costa do Benin e a Bahia.
Ao fim dessa viagem, em que tirou muitas fotos, Verger foi forçado, segundo ele, a escrever e publicar o que tinha percebido. Diante disso, publicou em 1954 o livro Dieux d’Afrique: Culte des Orishas et Vodouns à l’ancienne Côte des Esclaves en Afrique et à Bahia, la Baie de Tous les Saints au Brésil, primeira de várias das obras escritas por Verger que abordam o universo religioso do candomblé e das culturas africanas e afro-baianas. Desde então, tornou-se, até o final dos anos 80, um tipo de mensageiro entre Brasil e África, dividindo seu tempo e sua atenção entre estes dois continentes. Como ações resultantes desse trabalho, criou museus nos dois lados do Atlântico, incentivou intercâmbios culturais, universitários e religiosos entre a Bahia e os países do golfo do Benin, fomentando diversas trocas, principalmente entre Ifé, na Nigéria, e Salvador, no Brasil.
Desde que ele se aproximou do Candomblé, passou a chamar a atenção de muitos sacerdotes e recebeu vários “títulos” religiosos, tanto no Brasil quanto na África. Em 1952, em Ketu, após ter adquirido muitos conhecimentos sobre as culturas fon-yorubanas, ele se tornou Babalawo, um adivinho através do jogo do Ifá, e renasceu sobre o nome de Fatumbi.
Em Salvador, tornou-se personagem importante em certos terreiros históricos da cidade, principalmente no Ilê Axé Opô Afonjá e no Terreiro do Gantois, além de ter sido um dos envolvidos com a criação do terreiro Ilê Axé Opô Aganju, em 1972.
A partir dos anos 80, Verger praticamente parou de viajar e ficou a maior parte do seu tempo na sua casa, situada no bairro do Engenho Velho de Brotas, onde continuava pesquisando e divulgado a cultura afro-baiana. Verger recebia visitas cotidianas de pesquisadores, artistas e do povo do candomblé, que iam até sua casa para pesquisar em sua rica biblioteca, especializada em cultura africana e afro-brasileira ou simplesmente para conversar.