Ao fim dessa viagem, em que tirou muitas fotos, Verger foi forçado, segundo ele, a escrever e publicar o que tinha percebido. Diante disso, publicou em 1954 o livro Dieux d’Afrique: Culte des Orishas et Vodouns à l’ancienne Côte des Esclaves en Afrique et à Bahia, la Baie de Tous les Saints au Brésil, primeira de várias das obras escritas por Verger que abordam o universo religioso do candomblé e das culturas africanas e afro-baianas. Desde então, tornou-se, até o final dos anos 80, um tipo de mensageiro entre Brasil e África, dividindo seu tempo e sua atenção entre estes dois continentes. Como ações resultantes desse trabalho, criou museus nos dois lados do Atlântico, incentivou intercâmbios culturais, universitários e religiosos entre a Bahia e os países do golfo do Benin, fomentando diversas trocas, principalmente entre Ifé, na Nigéria, e Salvador, no Brasil.
Desde que ele se aproximou do Candomblé, passou a chamar a atenção de muitos sacerdotes e recebeu vários “títulos” religiosos, tanto no Brasil quanto na África. Em 1952, em Ketu, após ter adquirido muitos conhecimentos sobre as culturas fon-yorubanas, ele se tornou Babalawo, um adivinho através do jogo do Ifá, e renasceu sobre o nome de Fatumbi.
Em Salvador, tornou-se personagem importante em certos terreiros históricos da cidade, principalmente no Ilê Axé Opô Afonjá e no Terreiro do Gantois, além de ter sido um dos envolvidos com a criação do terreiro Ilê Axé Opô Aganju, em 1972.
A partir dos anos 80, Verger praticamente parou de viajar e ficou a maior parte do seu tempo na sua casa, situada no bairro do Engenho Velho de Brotas, onde continuava pesquisando e divulgado a cultura afro-baiana. Verger recebia visitas cotidianas de pesquisadores, artistas e do povo do candomblé, que iam até sua casa para pesquisar em sua rica biblioteca, especializada em cultura africana e afro-brasileira ou simplesmente para conversar.
