Lançamento “Carybé, Verger e Jorge”

A Fundação Pierre Verger comemorou 20 anos com o lançamento de um livro, idealizado por Enéas Guerra, sobre a intensa e criativa parceria do fotógrafo Pierre Verger e o pintor Carybé.

Pierre Verger e Carybé são artistas consagrados. O trabalho artístico dos dois, separadamente, já os coloca entre os grandes nomes da cultura brasileira. No entanto, poucos sabem que eles foram muito além dos limites das artes brasileiras e criaram uma amizade de 50 anos – parceria que resultou em preciosa contribuição para a preservação e divulgação da memória cultural afro-baiana. A trajetória dessa célebre parceria é contada em Carybé & Verger – Gente da Bahia, idealizado e organizado por Enéas Guerra, que também foi colaborador de Pierre Verger e tem  textos de José de Jesus Barreto. É o primeiro livro da trilogia Entre Amigos e que marca a comemoração dos 20 anos da Fundação Pierre Verger.

Pierre Verger, nascido na França e Carybé, na Argentina. Com temperamentos diferentes, eles se completavam diante de um mesmo interesse: a cultura africana na Bahia. Carybé era impulsivo e participativo, vivenciava as emoções com enorme afetividade. Já Verger, era tímido e introspectivo, contemplador. “Personalidades tão diversas, mas com almas gêmeas que olhavam, com grande intensidade, na mesma direção”, observa Gilberto Sá, presidente da Fundação Pierre Verger.

José de Jesus Barreto relata que a amizade dos dois nasceu numa pensão barata no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro, em 1946. Carybé e Nancy eram recém-casados e hospedavam-se num dos poucos aposentos da pensão. No prédio ao lado, Pierre Verger, também recém-chegado à cidade, dividia apartamento com o arquiteto e fotógrafo Marcel Gautherot. De olho na qualidade do trabalho de Verger, Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados e da revista O Cruzeiro, propôs um contrato que asseguraria ao francês o visto de residente no país. Durante a vigência do contrato, Verger realizou uma série de reportagens sobre a histórica Salvador e suas manifestações religiosas e culturais. A partir daí, a Bahia tornou-se o tema comum das conversas entre Carybé e Verger.

Essa comunhão de ideias e visão do mundo estão presentes no livro, no qual as belíssimas fotos de Verger parecem ilustradas com as cores de Carybé quando retratam ou desenham os mesmos temas. É a perfeita tradução para o papel da combinação de letra e melodia em uma música.

Embora Carybé e Verger tenham uma extensa bibliografia publicada, não existia no mercado editorial brasileiro nenhum relato sobre a história dessa amizade. Com essa publicação, a Fundação Pierre Verger não só resgata a trajetória dos dois artistas, como inclui depoimentos de Jorge Amado e Rubem Braga, entre outros, sobre a parceria e as correspondências trocadas entre eles, além de conter dezenas de fotos e ilustrações e documentar suas vivências nos meandros da cultura baiana.