A África o seduziu aos poucos. Primeiro viajou pelo norte, andou de camelo, passou pelo deserto e esteve com os tuaregues. Em outra ocasião, conheceu melhor o Senegal; até que recebeu uma bolsa de estudos e pôde permanecer durante longas temporadas nos países da África Ocidental, principalmente na Nigéria e Benin. Ao todo, foram quase 30 anos em que Verger se alternou entre o golfo do Benin e a Baía de Todos os Santos, em Salvador, sempre em busca das semelhanças entre os dois lugares. Visitava os mercados, fazia pesquisas em arquivos, participava de cerimônias, foi recebido por reis e aprendeu muito sobre a religião dos orixás.
Verger também conheceu de perto muitas das faces da América: os arranha-céus dos Estados Unidos, o ardor mexicano, a musicalidade de Cuba e a polidez dos índios peruanos. Esteve ainda em outros países, mas foi mesmo o Brasil e a “Bahia“ que o apaixonaram. O motivo, ele explica: “É um dos poucos lugares do mundo onde há a possibilidade de se viver sobre o mesmo plano amistoso, com pessoas de origem étnica diferente“. E essa receptividade dos baianos, ele aproveitou ao máximo, fazendo muitos amigos, ficando íntimo de cada rua, conhecendo todos os costumes. Desde que chegou a Salvador, em 1946, até a sua morte, 50 anos depois, nunca mais deixou de ter um pouso certo, um cantinho qualquer, nessa cidade que o adotou.
