Exposição Fatumbi

No dia 29 de agosto, foi inaugurada a exposição Fatumbi no Museu de Arte da Bahia (MAB), em Salvador.

A mostra integra as celebrações das Temporada França-Brasil 2025 e conta com curadoria de Alex Baradel e Emo de Medeiros — cujas obras também estarão presentes na exposição.

Pierre Fatumbi Verger nasceu como Pierre Verger, em Paris, no início do século XX. Após ser iniciado no Benim, passou a ser chamado Fatumbi, nome que carregou até sua morte na Bahia, onde viveu por mais de 50 anos.

A exposição, inédita, propõe duas narrativas que se entrelaçam. Por um lado, apresenta fotografias feitas por Verger no Nordeste do Brasil, no Benim e na Nigéria — registros poéticos, históricos e sensíveis das culturas e religiões afro-baianas, afro-pernambucanas e de suas raízes africanas. Algumas dessas imagens têm quase 80 anos. Por outro lado, por meio de trechos de entrevistas, correspondências e documentos inéditos, o público poderá conhecer os caminhos que levaram Verger a ser iniciado e renascer como Fatumbi.

O percurso expositivo começa com a chegada de Verger ao Nordeste do Brasil — Bahia e Pernambuco — em meados da década de 1940. Em seguida, segue para o Benim, em 1948, onde o fotógrafo é iniciado e renasce como Fatumbi. A exposição culmina nos anos 1960 e 1970, período em que Verger passa a atuar como elo entre dois mundos, tornando-se um mensageiro entre os continentes.

 Na primeira parte da exposição, Verger ainda era “apenas” um fotógrafo e observador, que se transforma em discípulo ao se aproximar das culturas beninenses — processo que o levará a ser iniciado como babalaô, pai dos segredos, mote para segunda parte da mostra. A terceira parte apresenta Verger como mensageiro: reconectando pessoas das duas margens do Atlântico, partilhando seus conhecimentos tanto em contato direto com as populações brasileiras e afro-brasileiras quanto no meio acadêmico, que ele passou a integrar a partir dos anos 1950.

A exposição reúne fotografias conhecidas e inéditas desses períodos, datadas a partir de pesquisas recentes realizadas por Alex Baradel nos acervos da Fundação Pierre Verger, do Instituto Nacional do Audiovisual (INA) em Paris e do Instituto Fundamental da África Negra (IFAN), em Dacar. Esses novos achados contribuem para uma compreensão mais profunda da trajetória de Verger.

O outro curador da exposição, Emo de Medeiros, é artista visual franco-beninense, descendente de populações agudas — beninenses de origem afro-brasileira. Além do material documental e fotográfico consagrado a Verger, uma sala da mostra, intitulada FatumbIA, apresenta 16 obras de Emo realizadas com o uso de inteligência artificial, articuladas em torno dos saberes e símbolos do Fá.

Emo de Medeiros

Emo de Medeiros é um artista visual franco beninense que, pelo lado do seu pai, é descendente de Agudá, grupo de população afrodescendente que vivia na Bahia e voltou para a costa africana principalmente no século XIX. Emo é cocurador da mostra, mas também apresentará obras originas na mostra, sejam fotografias realizadas a partir da Inteligência Artificial, como filmagens panorâmicas e produções sonoras.